Você quem me ensinou a amar

Você quem me ensinou a amar.
Nas tardes de domingos, em cada abraço, nos detalhes. Mas ainda não foi dessa vez que descobri que te amava. É até razoável amar na presença, dentro de uma abraço, quando está tudo bem. Foi só quando te vi partir que entendi o que era amor. Eu não podia querer pra você nenhuma saudade grande feito a minha dentro do peito, nunca quis que você derramasse uma lágrima ou que não fosse feliz. Eu te amei quando preferi te ver com um outro alguém, mas bem. Eu te amei cada vez que torci pra que tudo desse certo, que você vivesse todos seus, que já foram tão meus, sonhos. Foi só quando você partiu que eu aprendi amar. Sua ausência me deixou na minha companhia, tive que me olhar de frente e não tive outra escolha senão me amar também ou me odiar. E eu odiei. Não suportava um dia só comigo. Culpei meu cabelo, as pernas finas, meu mau humor. Me chamei de burra, sem sal. Me achei boazinha demais, ingênua. Tentei por um batom vermelho e um pouco de mais raiva no olhar. Tentei passar indiferente pelas ruas e por cima de tudo que doía. Mas como dizem, quanto mais alto, maior a queda. E não adiantava calçar um salto 15, estava num buraco sem fim. Farta de mim. Como era possível te amar tanto e me amar tão pouco? Entendi que não precisava deixar de te amar, que não precisava também te odiar pra te esquecer. Que seguir em frente nunca foi sinônimo de esquecer, porque a gente não esquece quem um dia já amou, aliás que ama. Porque amor nunca foi verbo para ser conjugado no passado. Amor de verdade, meu caro, não passa… Ele modifica, ele multiplica. E foi aí que eu aprendi uma das formas mais completas de amor, o amor próprio. Foi com você que eu aprendi a me amar.

Quem escreve

Prazer,
Jéssica Alencar

Sou jornalista, escritora e criadora do Querido Indizível. Te convido a dizer e ouvir e ler e escrever sobre as coisas, indizíveis, da vida. Afinal – querido – viver é indizível…

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