Vai precisar mais do fim para acabar

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Vai precisar mais do que o fim para acabar. Isso de achar que a gente gosta em “mode on” e depois é só desligar, ah é uma bobagem. A bateria dura por muito tempo, aprendi. É que você não me deu escolha, apenas as fotos espalhadas por todas as pastas do computador que não consigo organizar. Você me deu essas mensagens bobas que não consigo apagar, me deu seu nome e seu número sem me ligar mais. Você não me deu muita atenção, nem o amor de feedback.

Você me deu a solidão, essa tortura, que me proporciona muito tempo para lembrar dos detalhes. Da sua mão leve que gostava tanto de sobrevoar minha cintura, sua meia que se deixasse ia até o joelho. Você me deu o hálito quente enquanto dormia. E me deu a mão quando ainda não sabia que eu estava solta, que se eu tropeçasse não haveria ninguém mais para me segurar. E algum dia houve?
É complicado te esquecer em uma semana. Um mês não seria suficiente, nem um ano, nem uma vida. É impossível. Deixei-me te lembrar. Sim, eu lembro de você sempre que minha vida encontra algum bom motivo. Um detalhe, uma coisa que era tão sua e só nossa. Não, não pretendo te ter de volta. Nem se você pedisse, nem se eu quisesse. E eu quero. Ainda assim, tenho de você o que você me deu: seu tempo.
Não há outra história que poderia ter sido escrita naquele momento, não há outra pessoa que pudesse te beijar enquanto minha boca estava sorrindo na sua. Do lado direito da sua cama, ali, naquele segundo era meu lugar. Foi meu e ninguém pode tirar. De tudo que você não deu, me deixou o fim que não consegue acabar.

Quem escreve

Prazer,
Jéssica Alencar

Sou jornalista, escritora e criadora do Querido Indizível. Te convido a dizer e ouvir e ler e escrever sobre as coisas, indizíveis, da vida. Afinal – querido – viver é indizível…

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