Querido, vai dar merda. Tá começando tudo de novo, mas eu não sou mais a mesma e agora? Já fui porta trancada, ferida, queria distância, distância de caras como você, ou melhor, de caras como ele. De tão ingênua hoje sei a metros reconhecer seu tipo. Por isso, dessa vez, desde que você me olhou já tinha sacado a sua: um babaca. Não virei o cabelo mil vezes, nem retoquei o batom. Quando você veio falar comigo tirei onda com a sua cara, não fiz questão de me impressionar com tudo o que você dizia que era. Quando você me pediu meu número, disse apenas me segue no instagram, talvez te aceite. Ando sem paciência de trocar mensagens com gente que não está muito afim de trocar muita coisa além de saliva. Assim, fica mais fácil de não dar um troço ao ver aqueles traçinhos azuis. Fica mais fácil de não me decepcionar quando espero ansiosamente o “digitando” e me mandam só “ok”, “não sei”, “passo aí depois”. O fato é que agora você parece bem afim e vou te falar que ando bem confusa, te vejo tão empenhado por alguém que não sou eu. Você anda apaixonado pelo meu oposto. E esconder da gente mesmo por uma noite ou outra ainda vai. Mas não consigo mais me esconder de nós. Não vou te falar que eu sou a mesma, porque não sou. E tudo tem o lado bom e o ruim, não seria diferente. Mas não sei bem te falar quem sou. Agora quando você buzinar na minha porta não sei ao certo com quem você vai dar de cara. Sou cínica e doce, pode? Sou pedra e ombros pra ceder, entende? Não sou mais tão boba para acreditar em tudo o que você vai me falar, mas você ainda poderá acreditar em tudo que eu disser. Vê como continua injusto? Tenho medo não só mais de me machucar, mas de te machucar por achar que você, mesmo sem ter feito nada ainda, mereça sofrer de alguma forma. Vai dar merda, e por mais que eu deveria, não tô muito preocupada com isso agora. Por enquanto tô insanamente curiosa pra ver onde isso vai dar. Se isso de juntos pegarmos fogo vai bastar ou se vamos sair queimados disso que ainda não demos nome. Vocês costumam sair sempre inteiros e eu mais pó. Talvez dessa vez seja o contrário, não que eu te deseja o mal. Até mesmo, querido, porque já estou apaixonada por um babaca.
