Ela atravessou os lados
E as cabeceiras
E o peso de ser quem não se é
Era madrugada e ela não era obrigada
A ficar em casa
Na cama gelada, o coração sempre é quente,
Ou de amor ou de fogo que queima por
Quem não sente
Ela era louca e tola
Sempre gostou de acreditar,
Por isso dessa vez atravessou até a dor,
Num oceano imenso de vontade de se encontrar
Chovia lá fora,
Tudo menos arco-íris
Às vezes para se ficar em paz,
Antes da calmaria é preciso uma tempestade
Para enxaguar o tormento
Atormentada, talvez.
Mas sincera, sempre.
Ela atravessou o peito,
cravou suas dores imensas,
Deixou sangrar até morrer o que
Um dia, e sempre, matam.