Quantas coisas eu fui

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Quantas coisas eu fui. Fui riso e inocência. Fui descoberta. Fui a primeira a terminar a tarefa , a primeira da sala a aprender a ler a palavra “CA-CHOR-RO”.

Fui gente grande brincando nos saltos da minha mãe, sem saber o peso que era ser mulher e se carregar em um salto agulha. Fui uma menina. Fui uma bailarina frustrada, uma filha esforçada, uma amiga disponível. Fui gente grande antes da hora. Fui sonhadora e amadora.

Fui eu quem cobrei tanto de mim. Fui uma cópia barata de tudo que queria ter sido. Fui do céu ao inferno. Fui de certa à errada. Foi profundo o fundo do poço que fui.

Fui pra longe, fui me encontrar, me encontrei e me perdi tantas vezes depois. Fui sozinha, senti medo, mas orgulho. Fui então, incrédula e triste. Fui eu quem deixei de acreditar em mim primeiro. Fui enganada. Fui dor e amarga. Fui drama.
Fui mais do que era preciso ser, senti muito por sentir pena de mim. Fui e voltei. Fui amada. Fui amor. Sou amor

Fui eu quem gostei das coisas que hoje nem gosto mais. Fui eu quem falou o que já nem penso mais. Fui eu quem duvidou de mim mesma. Fui eu e ainda sou. Eu fui, eu estou. Eu estou em mim, eu passarei por mim, eu serei sempre mais e diferente e além do corpo que já tive, do que já pensei, do que já acreditei.

Eu sempre fui, eu sempre serei o que já não cabe mais a mim ser. E então serei de novo, um novo – velho eu. Um brinde ao que fui, ao que sou e ao que ainda serei.

Quem escreve

Prazer,
Jéssica Alencar

Sou jornalista, escritora e criadora do Querido Indizível. Te convido a dizer e ouvir e ler e escrever sobre as coisas, indizíveis, da vida. Afinal – querido – viver é indizível…

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