Ela era daquelas que achava beleza até em sofrer. Enfeitava a dor com palavras de tristeza, vestia colorido para se confundir com jardim e andava descalço para não fazer muito barulho. Ela era daquelas que dizia baixinho qualquer coisa para se ter fé. Ela se apegava aos detalhes e preparava do café às cartas. Arrumava a casa e o peito. Queria que ele sorrisse. Queria ser parte do riso. Queria ser parte, meios e fins. Ele era daqueles que fazia piada para não sofrer demais. Preferia o silêncio a dor. Chegava escancarando a porta, fazendo arruaça em corações alheios. Entrava sem pedir licença. Mas era um cara de pouca fé. Por isso, ele lia das cartas apenas partes. É que não tinha muita paciência. Ainda sim ele gostava de rir dela, com ela e por ela. Mas isso não basta, não é? O coração, às vezes, passa por cima de si mesmo. Só que uma hora a atenção aos detalhes vai faltar e o excesso de cartas vai cansar. A gente sabe. Mas o coração acha graça desses opostos, se diverte a custa das nossas contradições. E por enquanto, nós andamos de mãos dadas, cavando nossos próprios buracos. Porque se tem uma coisa que nós temos em comum, é isso de gostar um do outro mais do que de nós mesmos.
Você foi tudo e depois se foi
Ontem (como antes e antes de ontem) lembrei de ti Nessa coisa de tentar remontar os momentos E falhar A