Sim é preciso seguir em frente, sempre foi. Mas é que isso nunca justificou se esquecer de quem você é, do que você passou e de quem esteve com e por você. Não, não passe reto na fila do mercado quando encontrar um ex-(melhor) amigo de escola. Faça um esforço, se lembre das brincadeiras, dos lanches na cantina, que vocês já fizeram parte da rotina um do outro. Viaje, case, mude… Mas nem tanto.
Às vezes bastam alguns meses para você conhecer outra turma, para ter no seu celular outras mensagens. Mas lembre-se bem de quem eram as primeiras e as últimas pessoas que você falava quando acordava e antes de dormir. Construa uma família, mas não deixe que todos os ex sejam ex-amores. O amor não é isso substituível, que acaba, que esquece. O amor é isso que muda até, mas não deixe de se lembrar com carinho do seu primeiro namorado. Dos sonhos planejados, dos cinemas no fim de semana, do pé no colo, de conhecer da orelha ao umbigo, porque intimidade é partilhar dos detalhes, do pastel da feira aos segredos. Não se esqueça nunca de quem um dia você já pôde contar.
Quando você estiver com 80 anos, faça questão de abrir um diário velho, um álbum de família e saiba o que te fez chegar tão longe. A gente é feito dos sorrisos com os velhos e novos amigos, dos “bom dias” para os porteiros que passaram por nossas manhãs, da rotina da escola e do trabalho, do canto da casa velha preferido.
A gente é feito do primeiro beijo e do virar do lado da cama e ver alguém amado. A gente é feito de todos os almoços na casa da vó, de colo de mãe, de esperar o pai chegar em casa. A gente é feito de todos os bichinhos de estimação que já tivemos. Também das estradas e das viagens, dos desconhecidos que cruzamos. Sim, siga em frente. A gente muda mesmo e chega uma hora que a casa fica pequena, os amigos têm outros interesses e o destino outros planos. Siga sempre em frente, mas nunca se esqueça do que faz você, simplesmente, você.