É que isso não vai durar.
Você sabia, né?
Serenamente eu acenei a cabeça
Com uma frieza de quem esconde as lágrimas rasgando a garganta.
E empurra para dentro as palavras e a falta delas.
E as dores e o adeus.
Você continuou -É que você sabe que não sou bom em ceder ombro,
Em viver lutos, nem em terminar.
Por isso, querida, é que nem chego a começar.
E eu te perguntei calada,
Não estava na cara
Que eu preciso não de ombros, mas de um você inteiro
Para desaguar a minha dor?
E não estava na cara que eu sou de morrer junto?
E que eu não estava nem no começo e nem no fim
Estava no meio e dentro
De você.
De nós.
É que “nós” não existe.
Você interrompeu o silêncio.
Você sabia, não?
Recolhi as memórias, os beijos
Seu nariz empinado ficou na hora que fechei os olhos,
Bem como suas pintinhas e o jeito que você mexe as mãos.
Me desafundei do sofá
Carreguei uma tristeza indescritível
Em um salto agulha.
A essa altura, parece que era você quem os usava.
Espezinhava em mim esse desdenho, essa casualidade
Que era isso que a gente viveu.
Você calçou meus saltos altos.
Saí em pedaços,
Mas fique tranquilo,
Já saí.
Você foi tudo e depois se foi
Ontem (como antes e antes de ontem) lembrei de ti Nessa coisa de tentar remontar os momentos E falhar A