Cartas pra mim

Querido eu,

Sei que estamos um pouco distantes, que você tem evitado certas conversas comigo. Sei que você vive aí fingindo que está tudo bem, passa por mim como se não me conhecesse. Mas é que te conheço melhor do que qualquer outra pessoa nesse mundo. E estou preocupado, não quero que você desabe, segura as pontas mais um pouquinho. Não te prometo que vai ficar tudo bem, nem sempre esse negócio de colher o que se planta funciona e nem sempre o mundo vai dar as voltas que te satisfaçam. Entenda, tem muita gente egoísta por aí, tem muita gente indiferente. Tudo anda um caos e é por isso , não por você. Ainda assim, quero te dizer que vale a pena. Porque é como sempre te digo, o ponto final não é ponto, vale mesmo essa jornada. Você tem alimentado muita gente de esperança, com seus pequenos gestos que você acha que não dão tanta importância. Você é desses de semear carinho e fé, mesmo sozinho, mesmo que já tenha perdido a sua. Acredite mais em você. Vai haver um dia que vamos ter que colocar as cartas na mesa, fazer um balanço da vida, porque nosso coração bate em conjunto. Não vou te cobrar os ganhos, sucesso, se você ainda está nessa cidade, se no final não encontrou um grande amor. Não vou te cobrar a roupa da moda, a pele lisinha, nem um constante bom-humor. Não espero que você acerte sempre. Mas eu espero o melhor de você, porque você é assim de fazer sempre o melhor. A única coisa que sempre te cobrarei é que não deixe de ser você, nem por ninguém, nem por nada que alguém possa fazer. Se for pra mudar que seja pra melhor, não deixe que te apaguem. Pessoas mornas são o pior tipo de gente. Se acenda, mesmo quando sua chama for pequenina, mesmo quando te assoprarem, resista. Querido eu, por fim, quero dizer que te amo. E te lembrar que ninguém ama por obrigação, mas é nosso segredo de ser feliz. Antes, apesar, acima e depois de tudo e qualquer coisa me amar, por favor.

Quem escreve

Prazer,
Jéssica Alencar

Sou jornalista, escritora e criadora do Querido Indizível. Te convido a dizer e ouvir e ler e escrever sobre as coisas, indizíveis, da vida. Afinal – querido – viver é indizível…

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