Agonia

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Agonia. O silêncio com tanto por dizer. As palavras sumiram, pra vocês só os textos repetidos. Desaprendi a dizer o que sinto de tanto sentir, já ultrapassaram as nomenclaturas para sentimentos, tudo que sou não tem nome. Tudo que vivo ou deixo de viver, indizível. A vida está paralisada, na beira de um precipício, eu incomodada prefiro fingir. Passo o café, saio aos sábados num esforço danado para não pensar como serão os próximos sábados. Não tenho nada planejado, nenhuma válvula de escape, nem uma rotina comum, não tenho projetos, nenhum pano na manga, não tenho coragem, nem escolha, não tenho respostas, não tenho destino. Estou solta nessa coisa de viver, estou sozinha, largada. Me abandonei, me desconheço sem nunca ter dado de cara comigo, é possível? Agonia, agonia fingida em sorriso, agonia florida, disfarço. Deixo tudo para amanhã e quando amanhã chegar ainda não estarei afim. O tempo passa, o tempo cobra, minha dívida é grande. Está tudo fora do lugar, por fazer, eu perdida da sala à padaria, ando devagar pro dia acabar mais rápido, não sonho, assisto um filme, vejo a vida do outro passar. Eu passo agoniada por mim mesma, não tenho espaço, não caibo mais em mim. 

Querida, digo pra mim, querida, como sempre, indizível. Indizível, backspace, indizível, Crtl-z, na falta, vai tu mesmo.

Quem escreve

Prazer,
Jéssica Alencar

Sou jornalista, escritora e criadora do Querido Indizível. Te convido a dizer e ouvir e ler e escrever sobre as coisas, indizíveis, da vida. Afinal – querido – viver é indizível…

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