Nem de mais, nem de menos
Essa coisa que tanto (me) falam de equilíbrio.
O tanto de sal é que dá o gosto ou deixa tudo intragável.
Mas é que a vida é destemperada, ora bolas.
Nunca acreditei em segredos e receitas para a felicidade.
Tem dias que o sol bate forte na cortina e no meu quarto faz um calor danado,
Em contrapartida meu coração está gelado e meio morto continua a bater.
Outras segundas, enquanto chove, o peito transborda de empolgação.
Porque as coisas externas, claro, influenciam no nosso estado de espirito,
Mas isso de estar bem ou mal consigo mesmo faz toda a diferença.
Quero dizer aos meus amigos que, tantas vezes me sinto só e sem ombro pra me desaguar.
Quero dizer aos meus amores que, tantas vezes me sinto uma metade, sem ser tampa de ninguém.
Quero dizer à minha família que, tantas vezes vocês me decepcionam e me sinto como se fosse açúcar colocado na receita do almoço.
Mas quero dizer a mim, porém, que tantas as vezes estive errada e julguei e reclamei. Me fechei pra novos sabores, deixei de experimentar o gosto suave de encontrar alegria nas pequenas coisas, em mim mesma e não sempre no outro. Quero dizer a mim, que como todos que passaram na minha vida, tiveram vezes, tantas vezes, que também não correspondi ao que esperavam de mim. Porque na verdade, a gente não é e nunca será suficiente para cobrir nenhuma expectativa. E ficar preso aos porquês de ser infeliz nunca vai trazer felicidade alguma. Então, tem dias que vou me contentar em rir um pouco, outros que vou me permitir chorar, talvez amanhã continue achando que minha felicidade está no que o outro possa fazer por mim. E então, depois de amanhã talvez eu entenda que possa ser feliz por mim e quem sabe, tomara, faça alguém feliz. Um dia pode ser que aprenda a cozinhar, pode ser que ainda queime as panelas, passe da conta no sal. Tem dias que serão muito amargos para sobremesa, mas tudo bem. Ninguém precisa acertar sempre, ninguém precisa ser feliz sempre.