Vai ficar tudo bem. Levanto, passo o café. Não gosto de café. Tomo um gole de água, engulo a amargura do dia. Olho na janela, chove. Desaguo em mim. Não sei onde estou. Não estou mais em mim. Faço planos, refaço, amasso. Os planos sempre saem ao contrário, foi assim comigo. E já que estou ao avesso, permaneço: pijama. Troco meias palavras, já falei demais. Disse tudo que queria, que podia e não podia. Porque, então, me sinto engasgada? Decepção não mata. Tortura. Em suspiros, ela escorre. Vira fumaça. Te funde. Te fode. Te muda. E aí você morre ou mata ou reinventa. Eu vivo, apesar. Meio-dia já, vai ficar tudo como está. Bem.
