4h15

4h15 no meio do dia, no meio de uma semana, de um ano qualquer. Quatro e dezessete meu celular descarregou e o sol fez a curva da minha vida. Depois de esperar que ele viesse, brilhasse forte e quente. Ele não veio. Mudei de cidade, até de país e meu estado continuava o mesmo: insatisfeita. Esperei o sol e tudo mais pra ser feliz. Subi uma montanha imensa, procurando um canto nesse mundo que me coubesse. O frio que faz aqui dizem que nem é tanto. Mas o frio estava mim. O sol podia estar latejando, ainda estaria de casaco, de armaduras, de olhar distante e riso fechado. Mas aí, quase cinco e longe de escurecer o dia, lá estava eu. Depois da curva, das saudades, depois do frio e de tudo do que sinto, estava eu e o mar. Estava bravo, mas que calmaria. E mesmo gelado me acolheu em um abraço longo que não terminou mesmo depois de hoje, e espero, mesmo depois de amanhãs.
Ele sussurrou enquanto batia alto em todas rochas:
– Que quando o sol não vier, você aprenda a brilhar. E como as ondas, entenda, que um passo para trás é tantas vezes só um impulso para continuar. Sempre que quebrar, querida, esteja pronta para se recompor. Seja como o mar: forte, mas traga paz.

Quem escreve

Prazer,
Jéssica Alencar

Sou jornalista, escritora e criadora do Querido Indizível. Te convido a dizer e ouvir e ler e escrever sobre as coisas, indizíveis, da vida. Afinal – querido – viver é indizível…

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