Não passa de um cronômetro, vai gastando meu tempo de trás pra frente. Finge ser chegada, mas não passa de estrada. O fim, na verdade, nunca importou de fato. É meio, canção, também, “eu te amo”. Quando abro os olhos, poxa vida, ainda a tenho. Poxa, vida você é feito comida favorita, ah esse último pedaço que não quero morder. Tu irá me fazer falta.
Que coisa amarga, hora desce queimando, engulo tudo que você me dá, inclusive tristeza. Mas vida, hora é tão doce, parece a coisa mais meiga do mundo. Eu te aperto, eu te beijo, grudo em você, que é pra não ir embora. Não, agora não.
Sei que um dia o relógio vai parar, sempre para. Você não me avisa porque sabe que sou ansiosa demais, por isso preparo a cama todo dia. Deixo a casa organizada, as desculpas dadas, as mágoas perdoadas e as malas feitas do melhor que puder levar. Você tem me ensinado que é imprescindível também deixar. Deixo para os amigos o melhor sorriso, um ombro sempre à disposição, risadas e isso de deixá-los a vontade com quem são.
Deixo para os amores a entrega, os detalhes e até as cartas. Deixo sempre semente que é para quando me for nunca deixar de existir. É com saudade que colho o que me deixaram também. Tudo ensina… Nessa vida o melhor que posso fazer é viver. Pois quando o despertador tocar, já vou estar acordada. Não quero me atrasar nunca para essa coisa de viver.