Eu não era seu amor. Era seu passatempo, era o que temos para hoje, a pedra no seu sapato. Você tropeçou em mim na sexta-feira. Quase achei que era 13. Também não era 7. Só mais um dia depois da semana, em que você bebe algo para engolir a vida. Só um dia que se dorme tarde porque, se Deus quiser, você acorda tarde também. O dia dura menos, quem sabe as dores.
Então, você tropeçou seu olhar no meu, que no meio do caminho fingiu disfarçar. Mas, como quem não quer nada e tudo te persegui da cabeças aos pés. Parei no seu nariz, reparei na sua boca. Não muito no olhar. É que fiquei sem graça. Que terrível engano. Dizem que os olhos são as janelas da alma, só assim teria visto essa tristeza sóbria que carrega entre goles de cerveja.
Essa janela que não tem vista, que está sempre fechada, de cortinas empoeiradas. Assim, não teria visto muita coisa. Seria seu maior indício de ser tão vazio. Mas era sexta e precisava encontrar descanso para minha solidão. Me enrolei e rolei aos teus pés. Você me pegou, como quem pega mesmo uma pedra, jogou bem longe para ver se fazia um desenho na água. Logo afundei. Porque nunca fui seu amor, apenas uma pedra no meio do caminho.