Fazia tempo que não sentava comigo. Não trouxe café, só os poemas e todas as dores pra engolir a seco. Querida, toca The Strokes, faz tempo, né? Segurei a minha mão, disse baixinho – Não está tudo bem, mas tudo bem…
Fazia tempo que não chovia também, por dentro tudo que dói ainda é um pouco igual, é essa coisa de não ter lugar. Não ter lugar nem na casa nem nas festas, nem nos assuntos dos amigos, muito menos no coração alheio. A ferida é sempre essa coisa de não ser recíproco enquanto sou infinito de mim. E de tão sincera e louca sinto muito por tanta gente sentir tão pouco.
Do meu canto observo os cheiros e o jeito que a luz costuma tocar os móveis, enquanto isso tá todo mundo ali falando de banalidades. Me vem Foo Fighters, eu também aposto que um dia seu coração será quebrado e seu orgulho roubado. Talvez aí seja mais fácil entender que os vazios são cheios de nós. Tô numa quarentena de me conhecer sem saber por onde começar, voltei a estaca zero e tento pensar mais em mim e menos em você.
Mas é que você, meu bem, que sempre quis ir hoje fica nos detalhes. Do meu creme à seu vestido preferido. Das fotos às conversas sobre nada, dos domingos que você me faz mais falta. Ficou tudo quando você se foi. Daí eu me dou um tempo, me tiro pra dançar, talvez aquela antiga do Bruce Springteen, ah Bruce, eu quero também mudar tudo em mim, menos isso de sempre me encontrar de tempo em tempo. Me descobrir sempre e cada vez mais sincera com meus sentimentos, apesar de todos os pesares. Pra terminar o dia essa é a última faixa do disco passado do Matt Wertz, diz assim – Walking away seems so easy for you. So, why it gotta be so hard for me?
Balancei a cabeça, para às 10 da noite ainda parece ter gente nesse mundo que me entende, tomara.